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Falando de Gestão

Brasileiros abandonam empregos para prestar concursos públicos

60% dos brasileiros concurseiros enfrentam desemprego; especialista indica as melhores estratégias para se manter durante os estudos

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Concurso público é o sonho de muitos brasileiros, mas atualmente apenas 12,5% dos trabalhadores prestam serviço no setor. Na última terça-feira (04), o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), anunciou através do Diário Oficial da União a abertura de 7.538 vagas para concurso com dois novos editais referentes a pesquisas econômicas e sociodemográficas. O órgão já havia definido as bancas para outras 8 mil vagas anunciadas no mês de maio.

Em 16 de junho, Esther Dweck, ministra da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos, autorizou a criação de concursos para mais de 4 mil cargos efetivos em 21 órgãos do Governo Federal. Além disso, outros órgãos regionais e estaduais declaram com certa frequência a abertura de diversas vagas. Para este ano, o orçamento garante para concursos tribunais mais de 6 mil vagas, incluindo tribunais de justiça (TJs) e tribunais regionais eleitorais (TREs).

A realidade brasileira, porém, é complexa. Segundo dados da Gran Cursos Online, o número de concurseiros que enfrentam o desemprego chega a 60% do total e a maior parcela deles declara baixo poder aquisitivo. Para Fernando Lamounier, especialista em educação financeira e diretor de novos negócios da Multimarcas Consórcios, ser concursado no Brasil corresponde a uma vida mais estável.

“Devido a situação social do país, muita gente acaba buscando esse tipo de mecanismo com o objetivo de conquistar uma certa estabilidade financeira, já que os salários tendem a ser mais consistentes. Ao mesmo tempo, isso gera uma inflação na concorrência, já que as vagas são limitadas, apesar da grande oferta deste ano”, afirma o especialista.

Existem também os candidatos que pedem demissão a fim de explorar o sonho de ser concursado, que possuem a vantagem de uma preparação mais organizada. O planejamento, porém, precisa ser bem pensado, pois toda a dificuldade de estudar para passar em um concurso e, depois da aprovação, esperar pela efetiva nomeação representa risco financeiro e psicológico até a situação se confirmar.

“Para casos como estes, precisa existir uma reserva emergencial calculada da seguinte forma: multiplica-se o custo de vida dessa pessoa pela quantidade de meses que ela entende que é tolerável ficar sem trabalho. Assim define-se o tempo disponível para estudar, o que vai depender do perfil do candidato, mas também do tipo de trabalho que ele tinha e como se sustentou ao longo do tempo”, explica Lamounier.

A questão para aqueles que optam por se manter na sua profissão e concursar é a conciliação do tempo. Lamounier indica que o esforço corresponde muitas vezes a abrir mão de lazeres habituais, tempo familiar ou até mesmo horas de sono. Entretanto, é necessário equilíbrio. “Precisa ser algo sustentável, que possua uma perspectiva de melhoria de vida. É possível sim fazer isso por alguns meses, talvez até alguns anos, mas ninguém deveria passar por isso a vida inteira. Entra aí a capacidade de apostar em si mesmo em vista de algo maior no futuro”.

Outra possibilidade dentro desse cenário são vagas que requerem posse em outras cidades ou estados. A mudança exige planejamento financeiro mais detalhado, organização de logística e maior preparo mental. “É muito importante ter em perspectiva um aluguel novo, uma casa nova, um carro eventualmente novo, os custos de trazer todos os móveis, se já os tiver, e ter isso dentro de uma planilha para não tomar uma decisão errada”, finaliza o especialista.

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