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Falando de Gestão

Trazendo a Memória: Mesbla, da Glória à Queda

Por Pedro Paulo Morales

A história da Mesbla é um retrato fascinante dos altos e baixos do mundo empresarial. Fundada no Rio de Janeiro em 1924, essa gigante do varejo iniciou sua trajetória como filial brasileira da francesa Mestre & Blatgé SA, especializada em importação de máquinas, equipamentos e automóveis. Mas foi sob a liderança de Luiz La Saigne, um visionário francês, que a empresa iniciou sua jornada de nacionalização.

Em 1924, Saigne assumiu o controle, renomeando a empresa como Sociedade Anônima Brasileira Estabelecimentos Mestre et Blatgé. Em 1939, surgiu a Mesbla SA, e com ela surgiu uma reviravolta notável – a representação exclusiva dos aviões Douglas no Brasil.

A origem do nome “Mesbla” é, em si, uma história interessante. Foi criado pela sugestão de Izaura, secretária de Saigne, por meio de um concurso interno que buscou combinar as primeiras sílabas do nome original. E assim, nasceu uma marca que, com o tempo, se voltaria para o varejo no Brasil.

A filha de La Saigne, posteriormente, casou-se com Henrique de Botton, que assumiu a presidência após a morte de Saigne. O comando de Henrique e, em seguida, de seu filho André de Botton, marcaram uma era de crescimento impressionante. A Mesbla se expandiu para o mercado de lojas de departamentos em 1952, inaugurando sua primeira loja na Rua do Passeio, no Rio de Janeiro.

Ao mesmo tempo que iniciava suas operações no varejo a Mesbla vendia automóveis caminhões, aviões, motores náuticos e lanchas. Seus funcionários chegaram a dizer que a Mesbla so faltava vender caixões de defunto.

Ao longo das décadas de 60 e 70, a Mesbla diversificou suas operações, criou uma financeira, um banco e várias empresas para darem suporte a suas operações tornando-se um dos maiores grupos empresariais do Brasil.  Vendia de quase tudo em suas lojas, de eletrodomésticos, móveis a confecções e cama mesa e banho e utensílios domésticos.   Em 1980, estava no auge, liderando o setor de varejo não alimentício no país, com quase 140 pontos de venda distribuídos em várias divisões e regiões do país. A Mesbla chegou a entrar no ramo alimentício comprando uma parte da Makro Atacadista S.A.

Porém, nos anos 90, a empresa começou a enfrentar dificuldades. Problemas na estrutura de comando, concorrência acirrada de gigantes estrangeiros, supermercados e shopping centers, levaram a Mesbla a uma crise. No final da década, a empresa estava estocando mercadorias em excesso.

Em 1997, uma dívida bilionária forçou a Mesbla a pedir concordata, e seu controle foi vendido a Ricardo Mansur. A tentativa de fusão com as lojas do Mappin visava levar novamente as empresas a glória do passado, mas a realidade se mostrou implacável.

Apesar dos esforços, a Mesbla-Mappin acabou fechando as portas em 1999, deixando muitas dívidas trabalhistas e com fornecedores.

Hoje, a Mesbla permanece viva na memória dos consumidores, como um lembrete de que a complexidades do mundo dos negócios, onde o sucesso pode ser fugaz e as falhas, inevitáveis.

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