Falando de Gestão

A Elaboração de Um Planejamento Orçamentário

Orçamento e Planejamento Financeiro

Por Julio Cesar S. Santos

Quais São os Passos Para a Elaboração de Um Orçamento? Em Que Contexto se Elaboram as Projeções das Demonstrações Financeiras? O Que Representa um Balanço Patrimonial de Uma Organização? Qual o Objetivo de um Demonstrativo do Resultado do Exercício?

Planejamento Orçamentário é um plano feito a partir da projeção de entradas e saídas das receitas futuras de um negócio. É realizado a fim de controlar e prever gastos desnecessários ou demasiados em um empreendimento. Essa fase envolve a projeção de cenários e um plano de ação que reflita as metas e as expectativas de forma realista, de acordo com a empresa. Os passos para a elaboração do orçamento normalmente ocorrem para o ano seguinte e compreendem as seguintes etapas:

Processamento dos planos e programas táticos elaborados pelas chefias de cada departamento, contendo previsões, cronogramas, propostas detalhadas e dados financeiros;
Conferência dos números e volumes de produtos, dos custos, das despesas e das necessidades de cada unidade;
Análise dos planos e programas táticos, refletindo as estratégias, bem como as prioridades;
Construção do plano orçamentário da empresa, considerando o volume de recursos despendidos por cada departamento e as correspondentes receitas previstas;
Verificar se o plano consolidado está de acordo com as metas estratégicas definidas;
Estudo de alternativas e análises dos fatores produtivos, cenários, incertezas e suposições inerentes ao planejamento estratégico; análise das propostas e dos programas táticos que exigem investimentos, mensurando os ganhos e contribuições para o resultado da empresa, por meio de métodos de avaliação de projetos (Payback, VPL, TIR);
Seleção dos melhores planos de investimento e de sua viabilidade econômico-financeira comprovada;
Emissão dos relatórios das previsões orçamentárias;
Verificação final dos planos orçamentários, revisando se estão atendendo aos retornos e às metas desejadas e cumprindo a missão e filosofia da empresa.

Após sua conclusão, o orçamento é encaminhado para a diretoria que deverá aprová-lo e, depois disso, o processo ainda é contínuo porque devem ser providenciadas as revisões periódicas (mês, trimestre ou semestre) para que os resultados sejam constantemente analisados. E, caso seja necessário e devidamente aprovado pela administração, efetuar as eventuais flexibilizações orçamentárias.

Portanto, orçamento empresarial assume um papel de orientador da alta administração, pois tem como base a posição estratégica da empresa no mercado, planejamento e controle dos resultados, tornando as operações mais eficazes e dinâmicas.

Projeção das Demonstrações Contábeis

É primordial que as organizações tenham precisão em suas decisões, pois qualquer erro poderá afetar a saúde financeira da empresa, devido ao ambiente competitivo e acirrado em que está inserida. Nesse contexto, as projeções das demonstrações financeiras são utilizadas dentro e fora das organizações. Dentro, para fornecer aos gestores consistência em suas decisões e, fora da empresa, para fornecer aos investidores transparência na situação que a empresa se apresenta.

Segundo Ribeiro (2013), as demonstrações contábeis têm por objetivo informar acerca da posição patrimonial e financeira, do desempenho e dos fluxos de caixa da entidade. De forma que sejam úteis aos usuários, no momento da tomada de decisões econômicas. Para ele, as demonstrações financeiras são relatórios elaborados com informações extraídas da conclusão do processo orçamentário, tais informações estão descritas resumidamente dentro dos demonstrativos básicos – Demonstrativo de Resultados (DR) e o Balanço Patrimonial (BP).

Tais projeções são imprescindíveis para a empresa, visto que tanto o BP quanto o DR são elementos chave para o encerramento fiscal e societário da empresa, quando são apurados os impostos sobre o lucro e as perspectivas de distribuição de resultado ([1]). As demonstrações contábeis devem ser elaboradas e divulgadas pelas entidades e, a base para a apresentação dessas demonstrações, são:

  • Balanço patrimonial;
  • Demonstração do resultado;
  • Demonstração do resultado abrangente;
  • Demonstração das mutações do patrimônio líquido;
  • Demonstração dos fluxos de caixa;
  • Demonstração do valor adicionado, se exigido legalmente ou por algum órgão regulador ou mesmo se apresentada voluntariamente;
  • Notas explicativas.

Segundo PADOVEZE, as demonstrações contábeis mais utilizadas pelos executivos e analistas financeiros são as seguintes:

A demonstração de resultado, para avaliar e controlar o andamento das operações;
O balanço patrimonial, para verificar, avaliar e controlar todos os elementos patrimoniais à disposição ou em uso nas operações;
O fluxo de caixa, para apurar e controlar a liquidez a capacidade de pagamento.
Atrás das projeções das demonstrações financeiras, os administradores conseguem tomar decisões mais precisas na organização, gerando as informações de forma mais rápida e eficaz.

Balanço Patrimonial

O Balanço Patrimonial é o principal demonstrativo financeiro de uma empresa, refletindo as principais informações da posição patrimonial da organização em um determinado momento. É composto pelo Ativo, Passivo e pelo Patrimônio Líquido. Segundo PADOVEZE, o Balanço Patrimonial é formado por duas colunas, à esquerda o ativo, composto pelos elementos patrimoniais positivos sendo os Bens e os Diretos, e à direita o Passivo, constituindo as despesas, que são elementos patrimoniais negativos, e em segundo lugar completando a Equação Contábil, o valor da riqueza dos acionistas, evidenciada na figura do Patrimônio Líquido.

As contas do Balanço Patrimonial são ordenadas de forma decrescente em razão da liquidez das contas, e as contas do passivo e patrimônio líquido em ordem decrescente de exigibilidade. Nessa linha de pensamento, as contas do Ativo Circulante têm maior liquidez que as do ativo não circulante, ou seja, são convertidos em dinheiro mais rápido. Ao passo que no Passivo, Obrigações do Passivo Circulante têm vencimento inferior às obrigações do Passivo Não Circulante ([2]).

“O Balanço Patrimonial reflete a posição da empresa em um determinado momento, as demais demonstrações, a movimentação das contas patrimoniais e das operações de um determinado período” (PADOVEZE BENEDICTO, 2011, p. 4). Ele é elaborado no final de cada exercício, a partir das contas do balancete final, devidamente classificadas. Os valores estão ordenados de forma estática e sintética no Balanço Patrimonial.

As demonstrações contábeis no Brasil foram definidas pela lei 6.404/76, mais conhecida como ei das S.A. Essa lei definiu que as demonstrações 30 financeiras devem ser publicadas, contendo os dados do exercício atual e do anterior, de forma comparativa (PADOVEZE; BENEDICTO, 2011, p. 40).

Sendo assim, o Balanço Patrimonial é um demonstrativo básico e obrigatório pela lei 6.404/76, que fornece informações precisas sobre o patrimônio da empresa, auxiliando na gestão dos negócios.

Demonstrativo do Resultado do Exercício (DRE)

A demonstração do resultado do exercício relata verticalmente o resultado das operações sociais, facilitando o entendimento do usuário da composição do lucro ou prejuízo que a organização obteve em determinado período. E, segundo PADOVEZE, os eventos que compõem esse demonstrativo contemplam tanto transações qualitativas como aquelas que alteram a riqueza da empresa.

Reis (2003, p. 68) complementa que, o DRE mostra, em sequência lógica e ordenada, todos os fatores que influenciaram, para mais ou para menos, o resultado do período, tornando se, assim, valioso instrumento de análise econômico-financeira e preciosa fonte de informações para tomada de decisões administrativas.

Resumidamente, pode-se afirmar que o Demonstrativo de Resultado do Exercício (DRE) consiste na receita total da empresa, menos os custos e despesas gerando o lucro ou prejuízo do exercício. “A distribuição desse lucro vai aparecer em outros demonstrativos: na Demonstração dos Lucros e Prejuízos Acumulados ou na Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido” ([3]).

Demonstrativo de Fluxo de Caixa

O Demonstrativo do Fluxo de Caixa é uma peça fundamental para a empresa, evidencia as transações ocorridas, ou seja, todas as entradas e saídas realizadas no caixa, nos investimentos ou contas bancárias em um determinado período. A projeção do fluxo de caixa é uma atividade indispensável para a grande maioria das empresas. As razões para isso se prendem ao fato de que, em economias inflacionárias, a manutenção de elevados saldos de caixa implica prejuízos devidos ao decréscimo do poder aquisitivo desses valores, além dos juros correspondentes, ou seja, o valor do dinheiro que poderia estar sendo aplicado produtivamente.

 

Por outro lado, as faltas imprevistas de caixa trazem como consequências maiores ônus financeiros na obtenção de empréstimos, além de poderem desacreditar a empresa junto aos seus credores. Para Ribeiro (2013), a demonstração de fluxo de caixa trata-se de uma demonstração sistematizada dos fatos administrativos que envolvem os valores em dinheiro, devidamente registrado a débito nas entradas e a crédito nas saídas.

Segundo Almeida (2014), o DFC apresenta estrutura formada por atividades operacionais, de investimentos e de financiamento. As transações dos investimentos e financiamentos que não influenciarem o fluxo de caixa devem ser divulgadas. Caso a empresa utilize o fluxo de caixa direto é necessário que seja reconciliado o lucro ou prejuízo, conforme as demonstrações de resultado, com o fluxo de caixa líquido.

O Demonstrativo de Fluxo de Caixa possui duas modalidades para elaboração da sua estrutura: o método direto e o indireto. Esses métodos diferenciam-se somente na forma de apresentação do fluxo de caixa, decorrentes das atividades operacionais, visto que a forma de apresentação do fluxo de caixa das atividades de investimento e financiamento são as mesmas nos dois métodos. (RIBEIRO, 2013)

([1]) PADOVEZE, Clóvis Luís. Introdução à administração financeira: texto e exercícios. São Paulo: Thomson, Cengage Learning, 2005. 299 p

([2]) CAMLOFFSKI, Rodrigo. Análise de Investimentos e Viabilidade Financeira das Empresas. Ed. Atlas, São Paulo, 2014

([3]) REIS, Arnaldo Carlos De Rezende. Demonstrações Contábeis: Estrutura e Análise. São Paulo: Saraiva, 2003, p 68.

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Professor Julio- Professor Universitário, Palestrante e Consultor Empresarial

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