Tendências sobre o cenário do trabalho no Brasil: O que esperar e o que pode ser feito
Sempre gosto de analisar pesquisas, pois elas são o termômetro do que acontece em um determinado ambiente. A pesquisa “Pilares de Engajamento do Trabalhador”, realizada pela Pluxee em parceria com a Ipsos, uma das principais empresas de pesquisa de mercado do mundo, ouviu mais de mil trabalhadores brasileiros e destacou importantes tendências sobre o cenário do trabalho no Brasil.
O levantamento mostrou que 57% dos brasileiros priorizam a vida pessoal em relação ao trabalho, enquanto apenas 12% consideram a carreira como o centro de suas vidas, o que evidencia que mais da metade das pessoas deseja trabalhar para viver, e não viver para trabalhar.
Apesar de a maioria dos trabalhadores querer priorizar a vida pessoal, 85% dos profissionais mantêm uma visão otimista sobre o futuro e 77% demonstram entusiasmo e confiança no dia a dia. Esses dados mostram que o trabalhador brasileiro ainda confia em suas empresas e acredita que o momento atual é apenas uma transição entre um cenário onde a pressão ainda é o componente principal e outro em que o trabalho será realizado com propósito e satisfação.
Além disso, o estudo revela que 63% trabalham principalmente para pagar contas, evidenciando que o salário no Brasil ainda precisa evoluir muito para atender às satisfações pessoais de cada pessoa. Entretanto, isso não impede que mais da metade dos trabalhadores se sinta inspirada pelo ambiente de trabalho e pelos colegas, e 53% declaram gostar do que fazem, o que representa mais da metade do caminho para que os trabalhadores se sintam satisfeitos com as empresas em que atuam.
A satisfação é ainda maior entre os gestores, dos quais 91% estão satisfeitos em seus papéis. Ambientes empresariais que valorizam a reciprocidade e as conexões humanas aumentam a satisfação e destacam o papel estratégico do líder moderno. No entanto, percebo que, apesar do discurso de algumas empresas sobre a preocupação com a saúde mental, alguns líderes ainda enfrentam barreiras para implementar um programa de bem-estar para seus times.
Os líderes modernos sabem que o reconhecimento e o cuidado da empresa para com os funcionários são essenciais para manter o engajamento e a satisfação das pessoas no trabalho.
Ao continuar a análise da pesquisa, observa-se que, no Brasil, o envolvimento em atividades sociais, religião e esportes é mais intenso do que em outros países analisados, com destaque para o papel central da religião (40% dos brasileiros engajados, contra 29% em outros emergentes).
Ademais, o estudo mostra que os colaboradores se conectam mais com empregadores capazes de entregar três pilares: crescimento e autonomia; conexões humanas autênticas e ambiente positivo; e benefícios competitivos.
Portanto, os dados da pesquisa indicam uma mudança de paradigma no engajamento profissional brasileiro: o trabalho deixa de ser absoluto e passa a respeitar os ciclos e prioridades individuais. Essa tendência exige que as empresas repensem suas políticas, colocando o bem-estar, o reconhecimento e o propósito no centro das estratégias de gestão de pessoas.
Para profissionais de RH, gestores e pesquisadores, o desafio está em promover ambientes flexíveis, inclusivos e inspiradores, capazes de atrair e reter talentos em um mercado cada vez mais competitivo e dinâmico. Investir em práticas concretas de valorização dos colaboradores e compreender as nuances culturais do Brasil são caminhos essenciais para construir equipes engajadas e preparadas para os desafios do futuro.
Vamos refletir e sucesso!

