O Modelo Japonês de Administração

O Modelo Japonês de Administração

Por Pedro Paulo Morales

Na metade do século passado surgiu no Japão um novo modelo de gestão que propunha melhorar as técnicas e preposições ocidentais. Este novo modelo se desenvolveu sobre o Sistema Toyota de Produção que com a difusão de suas ideias tornou-se um dos principais pilares que sustentam a competitividade da economia global.

Esse novo sistema de produção foi criado por Eiji Toyoda e Taiiichi Ohno baseia-se no trabalho dos pioneiros da administração como Frederick Taylor e Henry Ford e na cultura japonesa.

Os principais princípios deste modelo são a eliminação de desperdícios, produção flexível e a fabricação com qualidade. Para que esse novo sistema tivesse êxito era preciso promover uma administração participativa que se promove a participação dos funcionários no processo decisório.

 O Sistema Toyota de Produção foi concebido quando Eiji Toyoda e Taiiichi Ohno visitaram a Ford nos Estados Unidos e concluíram que o modelo de produção contínua da Ford era na realidade um modelo que pregava o desperdício de recursos materiais, espaço, tempo e esforço humano. Os visitantes observaram que existiam fábricas gigantescas, muito material em estoque, espaços vazios e pessoas com tarefas limitadas.

O Sistema Toyota de Produção tem como elemento básico o sistema de produção elaborado por Ford, porém os japoneses o tornaram mais racional e econômico e para isso o foco passou a ser a eliminação do desperdício, ou seja, eliminar tudo aquilo que não agrega valor ao produto. Por esse motivo esse tipo de sistema de produção é conhecido como “Sistema Enxuto” ou Lean Manufacturing.

As principais ideias usadas neste sistema de produção para eliminar desperdícios são:

  1. Racionalização da força de trabalho. Para que o trabalho seja racionalizado é preciso que se trabalhe em equipe. O líder deve trabalhar com a equipe ao mesmo tempo que coordena o grupo e a equipe tem a tarefa de fazer pequenas manutenções em equipamentos, consertos de baixa complexidade e devem auxiliar no controle de qualidade.
  2. Just in time. O método Just in time (bem na hora) procura reduzir ao mínimo os estoques e visa fazer com os materiais sejam empregados no momento exato em que vão ser utilizados na linha de produção.
  3. É um sistema que utiliza um cartão chamado de Kanban para registrar a movimentação de materiais onde cada entrega é registrada nesse cartão permitindo assim controlar itens de acordo com que vão sendo consumidos, fazendo com que não haja abastecimento de materiais antes do tempo necessário e nem acúmulos de estoques.
  4. Produção flexível. Este sistema de produção permite que os produtos sejam feitos em pequenos lotes, alterando para isso os moldes colocados nas máquinas de produção. Para se ter uma ideia, a Toyota treinou seus funcionários para eles efetuarem essa troca em apena 3 minutos.

Uma das principais características deste modelo de gestão é a fabricação com qualidade. Os pilares fundamentais do Sistema Toyota é que todo trabalhador deve fazer certo da primeira vez, identificar e corrigir os erros em suas causas fundamentais, sendo que o trabalhador tem o poder de interromper a linha de produção caso ele encontre um problema que não consiga resolver. Caso a parada da produção seja necessário, cada erro deve ser analisado até se chegar a sua causa raiz. Um método interessante utilizado para essa análise é perguntar sucessivamente “por quê? ” até se chegar à causa fundamental do problema ou a Causa Raiz, essa técnica é chamada de “5 Whys” e visa encontrar uma contramedida para corrigir um problema.

Leia também: Diagrama de Ishikawa: Uma ferramenta de diagnóstico

Leia Também: Gemba Kaizen: Uma Abordagem de Bom Senso para uma Estratégia de Melhoria Contínua

Leia também: O Que é 5S e Como Pode Transformar o Seu Pequeno Negócio

Outra característica desse sistema é que existe nas empresas que adotam esse sistema a ideia de Círculos de Controle de Qualidade (CCQ) que são grupos compostos por trabalhadores que se reúnem para estudar e propor soluções de problemas que estejam comprometendo a qualidade e eficiência dos produtos. Esses círculos são entendidos também como uma técnica de gestão participativa.

O modelo japonês se tornou importante quando o mundo ocidental percebeu que os japoneses estavam ganhando mercado por oferecer produtos mais baratos e com maior qualidade. Na verdade, a receita é simples, eliminação de desperdício e trabalho em grupo.

Referência bibliográfica: Maximiano, Antônio Cesar Amaru – Teoria Geral da Administração – 2ª edição – Editora Atlas – 2012

Leia mais

  • Produtividade sem Pressão: o caminho para criatividade e bem‑estar nas empresas

    Por Pedro Paulo Morales Atualmente, mesmo com avanços tecnológicos e uma variedade de aplicativos que facilitam nosso dia a dia, muitos estão mais ansiosos e com menor qualidade de vida, tanto na vida profissional quanto na vida pessoal. Por que isso acontece? Talvez porque fomos feitos para usar a nossa criatividade e a habilidade de
  • Imposto Seletivo é penalidade ou oportunidade? O papel dos incentivos à inovação para o futuro do setor automotivo

    Por Thais Santana Maia e Ronilson de Carvalho Martins O “imposto do pecado”, como vem sendo chamado o novo Imposto Seletivo (IS), é uma das medidas previstas pela reforma tributária do consumo, que entrará em vigor a partir de 2027 com a aprovação da Emenda Constitucional n° 132/2023. Entre os itens sujeitos à nova tributação
  • O Natal e a necessidade de comemorar

    Por Redação Falando de Gestão O Natal é um tempo de celebração e, como todo tempo festivo, é muito importante que as empresas comemorem essa data do ano como meio de promover a integração entre os funcionários. No mundo corporativo de hoje, a dinâmica do dia a dia está cada vez mais complexa e corrida.
  • Por que quase todas as obras estouram prazo e orçamento — e o que o planejamento pode fazer para mudar isso*

    A construção civil convive com um problema crônico: atrasos, estouros de orçamento e desperdício de recursos. Segundo estudo global da McKinsey & Company, mais de 98% dos megaprojetos ultrapassam prazo ou custo, com custos médios 79% acima do orçamento e prazos cerca de 52% maiores do que o previsto. Embora esses dados se refiram a
  • O desafio dos gestores “sanduíches”

    Muitos empresários têm reclamado do desinteresse dos integrantes da Geração Z em ocupar cargos de liderança, mas não é bem assim. O mercado mostra que as empresas estão deixando de investir nos gestores intermediários, aqueles que ocupam cargos de supervisores, coordenadores e gerentes de departamentos simplesmente porque acham que eles não são mais importantes. Um
Banner

Pedro Paulo Morales

Pedro Paulo Galindo Morales é Tecnólogo em Gestão, Pós- Graduado em Controladoria e Técnico em Contabilidade.

Deixe um comentário

Descubra mais sobre Falando de Gestão

Assine agora mesmo para continuar lendo e ter acesso ao arquivo completo.

Continue reading