O burnout de fim de ano e o medo do desemprego
Novembro marca o pico de exaustão entre profissionais brasileiros — um período de cobranças, metas agressivas e medo de cortes
Com a chegada do fim do ano, cresce um sentimento compartilhado por muitos profissionais: cansaço e insegurança. Novembro costuma concentrar o acúmulo de entregas, o fechamento de metas e a pressão para “terminar o ano bem”. Mas, junto disso, vem também o medo de cortes e o desgaste físico e mental que acompanha um ciclo de trabalho intenso.
Para Patrícia Suzuki, CHRO da Redarbor Brasil, grupo detentor do Infojobs, esse é um dos períodos mais críticos para a saúde emocional nas empresas. “O fim do ano costuma tornar mais evidente o esgotamento acumulado ao longo dos meses. Muitos profissionais chegam a esse período exaustos, mas ainda resistentes em desacelerar, frequentemente por receio de que uma pausa seja interpretada como falta de comprometimento, especialmente em contextos organizacionais marcados por incertezas.”, afirma.
Essa combinação — cobrança, metas e medo — tem feito crescer o número de profissionais que, mesmo empregados, buscam recolocação. Segundo a executiva, o movimento reflete um desequilíbrio entre o desejo de estabilidade e a necessidade de desacelerar “Muitos profissionais não estão necessariamente infelizes com o trabalho, mas sentem que não conseguem sustentar o ritmo. Procurar novas oportunidades acaba sendo uma tentativa de recuperar o controle sobre a própria vida”, diz.
O burnout de fim de ano deve ser uma preocupação das empresas e também dos profissionais, para reforçar os cuidados. “Quando o corpo e a mente estão esgotados, o desempenho cai, e o clima organizacional se deteriora. Nesse momento, o ideal é separar um momento pessoal para ouvir seu corpo e buscar cuidados de saúde para ajudar no equilíbrio. Por outro lado, muitos gestores acreditam que a reta final do ano precisa ser de aceleração máxima, mas é necessário parcimônia.”, explica.
A CHRO do Infojobs acredita que o padrão de resistência constante — trabalhar sob pressão, fazer horas extras e adiar pausas — se tornou uma armadilha coletiva. “O problema é quando esse comportamento torna-se diário pois com o tempo, ele não se sustenta e pode gerar danos sérios à saúde.”
Suzuki alerta ainda que a exaustão não é apenas física, mas também emocional. “No fim do ano, as pessoas não estão apenas cansadas — estão emocionalmente drenadas. É quando mais se sente a falta de propósito, de reconhecimento e de conexão. E isso impacta diretamente a motivação para o ciclo seguinte. Nesse momento as empresas devem reforçar seu senso de pertencimento, apoio e cultura”.
Entre o 13º e o recomeço
Com a chegada do 13º salário e das férias coletivas, muitos profissionais vêem uma oportunidade de reavaliar suas escolhas de carreira. “O descanso de fim de ano precisa ser mais do que uma pausa; ele deve servir como um ponto de virada. É o momento de refletir sobre o que funcionou, o que precisa mudar e como construir um 2026 mais equilibrado”, aconselha a especialista do Infojobs.
Para ela, o medo do desemprego tem feito com que muitos profissionais trabalhem sob constante tensão, sem tempo para planejar o futuro. “Viver o tempo todo na lógica da urgência é um dos principais causadores de esgotamento. Planejar e atuar sobre as ações que promoverão o desenvolvimento é um aliado importante para driblar o burnout, porque devolve ao profissional o senso de direção.”
O fim do ano, portanto, não é apenas o encerramento de um ciclo — é também um convite à reavaliação. Para Suzuki, a saúde mental e o planejamento de carreira andam lado a lado. “O profissional do futuro não é o que aguenta mais, mas o que sabe gerenciar sua energia e fazer escolhas conscientes. É preciso substituir o ritmo da exaustão pelo da intenção.”
E finaliza: “Por outro lado, as empresas também precisam compreender que o descanso é necessário e saudável. Quando o colaborador tem tempo para se recuperar, volta com mais clareza, criatividade e engajamento”, pontua Suzuki.
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