Friday, 8/11/2024 | 10:23 UTC-3
Falando de Gestão

Demissões em startups: vale a pena buscar um emprego nessas empresas?

Por Ricardo Haag

Ricardo Haag

A era de ouro das startups chegou ao fim? Há poucos anos, conquistar um emprego nessas empresas brilhava os olhos de inúmeros profissionais – atraídos pela rápida escalabilidade do negócio no mercado, possibilidade de crescimento interno em um curto espaço de tempo e, um chamariz de oportunidades de negócios. Mas, em meio a tamanhas ondas de demissões divulgadas nos últimos meses, a construção de uma carreira nessas companhias virou alvo de questionamento para muitos. A resposta para essa dúvida, contudo, irá variar conforme inúmeros fatores subjetivos.

Em uma breve análise cronológica, é de se impressionar as tamanhas mudanças que as startups sofreram em um curto espaço de tempo. Há apenas dois ou três anos, o cenário econômico e mercadológico internacional era o palco perfeito para o desenvolvimento dessas empresas – marcado por uma mudança de mercado que começou a valorizar jornadas mais flexíveis, uma hierarquia menos robusta, ambiente de trabalho menos formal e o início da transição para o modelo remoto.

Atraindo cada vez mais olhares, os fundos de investimentos nessas empresas chegaram a registrar recordes consecutivos. Em 2021, por exemplo, mais de R$ 46 milhões em captações foram registrados, segundo dados da Associação Brasileira de Private Equity e Venture Capital (ABVCAP) – quantia três vezes maior à de 2020. Em um cenário altamente otimista, contudo, tal crescimento veloz foi, ao mesmo tempo, o principal desacelerador dessas companhias.

Todas as intensas transformações do mercado macroeconômico tornaram o aporte de investimentos uma missão cada vez mais difícil, obrigando que muitas startups iniciassem uma série de demissões recorrentes na tentativa de contingenciar suas despesas e tornar o negócio novamente viável. Em todos os segmentos, a medida se tornou essencial como ajuste financeiro de operação, exigindo dos executivos um olhar mais cauteloso ao avaliar qualquer nova oportunidade de negócio.

Menos dispostos a injetar recursos em empresas, agora temerosas pela inconstância, buscar uma oportunidade profissional em qualquer startup deixou de ser um sonho de consumo para, em muitos casos, se tornar uma opção duvidosa. Não há como afirmar que qualquer vaga nessas empresas trará sucesso ou fracasso – muito menos, ter certeza de que essas demissões continuarão ocorrendo. Por isso, aqueles que cogitam se candidatar a uma carreira nas startups, precisam levar alguns critérios em consideração.

Em sua natureza, as trilhas profissionais nessas companhias podem ser completamente efêmeras, passíveis de iniciarem e terminarem a qualquer momento e de forma muito rápida. Diante disso, é essencial que, ao aplicar seu currículo para uma posição, avalie cuidadosamente todo o ciclo do negócio. Busque compreender, em termos de governança, aqueles que estão por trás de sua criação e, especialmente a viabilidade do segmento apresentado.

É muito comum encontrar startups que se vendem no mercado por histórias encantadoras e promessas mirabolantes que, apesar de conquistarem muitas atenções, dificilmente possuem real perspectiva de sucesso. Mas, para evitar frustrações, é necessário analisar se a companhia possui real fôlego financeiro para fomentar suas atividades e, acima de tudo, sua rentabilidade para prosperar.

Por mais devastador que tamanhas demissões sejam, essa readaptação do modelo de negócios pode ser, justamente, a ação necessária para que as startups recuperem seu fôlego e voltem a se tornar tão atrativas quanto costumavam ser. Para aqueles que ainda se questionam sobre a viabilidade de trabalhar nessas empresas, é preciso acompanhar o movimento dessas companhias e analisar seu desempenho. Mas, acima de tudo, unir essas informações com suas próprias ambições e desejos, em prol de uma construção de carreira alinhada aos seus sonhos profissionais.

Ricardo Haag é sócio da Wide, consultoria boutique de recrutamento e seleção.

Fonte Informamídia

 

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