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BYDlândia: O Novo Polo Industrial de Carros Elétricos

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Pedro Paulo Morales       Jornalista Digital

Pedro Paulo Morales
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No Polo Industrial de Camaçari, cidade da Região Metropolitana de Salvador, Bahia uma avenida vai mudar de nome. A Avenida Henry Ford passará a ser chamada de Estrada do Futuro e servirá de acesso ao futuro Complexo Industrial da BYD do Brasil, uma fabricante chinesa de veículos elétricos.

A BYD foi criada em 10 de fevereiro de 1995 com o objetivo inicial de fabricar baterias recarregáveis de níquel-cádmio (NiCd). Seu fundador, Wang Chuanfu, era vice-supervisor no Instituto de Pesquisa de Não Ferrosos de Pequim e percebeu uma oportunidade quando empresas japonesas começaram a mudar para baterias de níquel-hidreto metálico (NiMH) e lítio-íon (Li-ion). Em 1993, Wang Chuanfu mudou-se para Shenzhen com seu primo Lu Xiangyang e fundou a Shenzhen BYD Battery Company Limited em 1995, focando na produção de baterias NiMH e Li-ion.

O nome “BYD” é uma sigla do nome chinês da empresa, “Biyadi”, que foi derivado da marca original da empresa, Yadi Electronics , em homenagem à Yadi Road em Dapeng New District, onde a empresa estava localizada anteriormente. O caractere “Bi” foi adicionado para dar à empresa uma vantagem alfabética em feiras comerciais. Posteriormente, a empresa adotou o slogan “Build Your Dream”, ou mais comumente “Build Your Dreams” em tradução “Construa Seus Sonhos”.

O Grupo BYD tem várias subsidiárias importantes, incluindo a BYD Auto, que produz veículos, a BYD Electronic, que fabrica peças eletrônicas e realiza montagem de produtos eletrônicos, e a FinDreams, que produz componentes automotivos.

No dia 18 de março, o governador Jerônimo Rodrigues e representantes da Build Your Dreams (BYD) realizaram uma visita técnica ao Complexo Industrial Automobilístico de Camaçari, na região metropolitana de Salvador.

O grupo inspecionou os diversos espaços do empreendimento, que irá abrigar três unidades fabris da montadora chinesa.

Com investimento aproximado de R$ 5,5 bilhões, a adequação da antiga planta da Ford, a implantação do Complexo da BYD deve ser concluída até o final deste ano.

A expectativa é de que sejam gerados mais de dez mil empregos, entre diretos e indiretos.

As unidades irão produzir chassis de veículos de passeio elétricos e híbridos, e de ônibus e caminhões elétricos.

O local também será usado para processamento de lítio e ferro fosfato para exportação.

Está prevista a construção de um centro de pesquisa, para desenvolver um carro híbrido, mas que, também, utilize eletricidade e etanol aqui, no estado.

Na primeira etapa, a fábrica baiana será responsável por abastecer o mercado automotivo com três modelos.

Os escolhidos foram o hatch Dolphin e o SUV Yuan Plus, de início, e o híbrido Song Plus, no segundo momento. É prevista que a capacidade inicial seja de 150 mil unidades por ano.

A segunda fase será dedicada à indústria química, para processamento de lítio e ferro fosfato para beneficiamento e exportação de 100% da produção para a China.

A terceira e última etapa será a fabricação de chassis para montagem e produção de ônibus e caminhões elétricos. A estimativa é de que a produção comece no último trimestre de 2024.

O projeto da BYD evoca o sonho de Henry Ford, que em 1920 decidiu fabricar pneus na Floresta Amazônica e fundou a Fordlândia pois para acomodar os funcionários do novo Complexo Industrial da BYD, a empresa decidiu construir cinco prédios residenciais destinados aos funcionários da fábrica em Camaçari, na Região Metropolitana de Salvador (RMS).

As torres residenciais ficarão a 3,5 km de distância do complexo, em uma área de aproximadamente 81 mil m² e terão capacidade para abrigar 4.230 pessoas, se o complexo residencial fosse uma cidade seria o quadringentésimo décimo (410º) munícipio do estado. Além disso, segundo informações, as torres residenciais serão ligadas ao complexo por linhas de ônibus elétricos, e há projetos para a instalação de um sistema de monotrilho da BYD, que só é usado em pequenas linhas na China.

Certamente, com a instalação do complexo residencial da BYD, a cidade de Camaçari poderá reviver os tempos em que a Ford fabricava veículos no Polo Industrial. Novos empreendimentos comerciais e industriais serão implantados ao redor. Será que está chegando a BYDlândia no Estado da Bahia.

Fordlândia baiana

O Complexo Industrial Ford Nordeste inaugurado em 2002 em Camaçari, representou o maior investimento da montadora em todo o mundo, estimado em US$ 1,2 bilhões, para produzir 250 mil veículos/ano para os mercados interno e externo e elevando a produção local para 300 mil veículos.

Além disso, foi instalada uma fábrica de motores. A implantação da Ford abriu uma nova rota produtiva no distrito, viabilizando sua diversificação, com a atração de várias empresas fornecedoras de insumos à produção automobilística, empresas de pneus e outras, reduzindo dessa forma a concentração na produção de petroquímicos.

Essa transformação foi tão significativa que o polo, antes chamado de petroquímico, passou a ser conhecido como Polo Industrial de Camaçari.

A saída da Ford do município teve impactos econômicos, sociais e fiscais significativos em Camaçari. Economicamente, houve perda de arrecadação e fechamento de pontos comerciais, resultando em mais de 12 mil demissões, afetando não apenas os trabalhadores diretos da montadora, mas também prestadores de serviços como escolas, restaurantes e lojas locais.

A estimativa é que cerca de R$ 20 milhões deixaram de circular mensalmente na cidade após a saída dessas pessoas. Socialmente, o setor da Educação foi duramente afetado, com cancelamentos de matrículas principalmente nas universidades, além do ensino médio e fundamental das escolas particulares.

Do ponto de vista fiscal, Camaçari perdeu aproximadamente R$ 30 milhões em Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISS) e mais R$ 100 milhões em Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) da receita líquida.

Não foi a primeira vez que a Ford fez um investimento de vulto no Brasil Na década de 1920, Henry Ford, pioneiro em técnicas de produção em massa, idealizou a cidade de Fordlândia na floresta Amazônica.

Em busca de matéria-prima para produzir pneus, Ford estabeleceu a cidade em 1928, visando cultivar borracha nas seringueiras da Amazônia.

Fordlândia foi construída com padrões estadunidenses, incluindo infraestrutura como usina de energia, escolas e hospitais. Contudo, enfrentou desafios como doenças tropicais e conflitos culturais devido ao rigoroso estilo de vida imposto pela Ford.

Após 17 anos, a produção de borracha falhou devido à má qualidade do solo e pragas agrícolas, tornando-se obsoleta com a invenção da borracha sintética em 1945.

A Ford encerrou as operações em Fordlândia, resultando em um prejuízo significativo e deixando a cidade em declínio. Henry Ford nunca chegou a visitar seu empreendimento amazônico, mesmo dedicando quase duas décadas e uma fortuna ao seu sonho.

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