Tuesday, 1/7/2025 | 2:35 UTC-3
Falando de Gestão

Medição do ROI em comunidades internas: parâmetros para um RH estratégico

*Por Jen Medeiros

No dia a dia das empresas, a colaboração deixou de ser um diferencial para se tornar uma necessidade. Com isso, as comunidades corporativas ganharam força como uma forma prática e eficiente de fortalecer a cultura organizacional, estimular a troca de experiências e gerar resultados mais consistentes. No entanto, ainda persiste um questionamento recorrente nas esferas executivas: como mensurar o retorno sobre investimento (ROI) dessas comunidades e quais são, de fato, os ganhos tangíveis que elas proporcionam? A resposta passa por entender que, embora muitas vezes associadas a benefícios intangíveis, como engajamento e sentimento de pertencimento, essas comunidades geram impactos concretos, diretos e mensuráveis no negócio.

Estudos realizados por instituições como a Deloitte e a McKinsey apontam que empresas que fomentam ambientes colaborativos e mantêm comunidades internas bem estruturadas podem ter um aumento de até 25% na produtividade de seus colaboradores. Isso acontece porque a circulação do conhecimento, quando organizada e acessível, reduz retrabalhos, acelera processos e diminui gargalos operacionais. Dados do relatório The Value of Community, da FeverBee, mostram que empresas que investem no fortalecimento de suas comunidades, conseguem reduzir custos operacionais em até 20%, especialmente na área de suporte e desenvolvimento interno, graças ao compartilhamento de boas práticas e soluções entre os membros.

Quando analisamos o ROI dessas iniciativas, é essencial considerar três pilares principais: aumento da eficiência operacional, aceleração da inovação e retenção de talentos. No primeiro, percebe-se uma economia significativa em horas de trabalho, uma vez que as comunidades funcionam como hubs de soluções rápidas, diminuindo o tempo de resolução de problemas e de desenvolvimento de projetos. A IBM, por exemplo, reportou uma economia de mais de US$100 milhões ao ano graças às suas comunidades internas de prática, que permitem que especialistas compartilhem soluções técnicas, evitando desperdícios e otimizando recursos.

No segundo pilar, o impacto na inovação é evidente. Empresas com comunidades ativas aceleram o ciclo de desenvolvimento de novos produtos e serviços, pois conseguem mobilizar rapidamente conhecimentos dispersos dentro da organização. A 3M, conhecida por seu histórico de inovação, utiliza comunidades corporativas para conectar colaboradores de diferentes áreas e países, promovendo sinergias que resultaram em lançamentos mais ágeis e competitivos no mercado. Esse modelo contribui diretamente para ganhos financeiros, tanto pela geração de novas receitas quanto pela mitigação de riscos no desenvolvimento.

Por fim, a retenção de talentos também se traduz em ganho financeiro concreto. Dados da Gallup indicam que empresas com altos índices de engajamento, apresentam 59% menos rotatividade de funcionários. Considerando que o custo médio de substituição de um colaborador pode chegar a 1,5 vezes o seu salário anual, segundo levantamento da SHRM (Society for Human Resource Management), a economia gerada pela redução no turnover é expressiva. Colaboradores que também participam ativamente de comunidades corporativas tendem a desenvolver mais rapidamente competências técnicas e comportamentais, o que se reflete em uma força de trabalho mais qualificada e alinhada aos objetivos estratégicos da empresa.

Medir o ROI das comunidades internas exige, portanto, uma combinação de métricas quantitativas e qualitativas, que vão desde a redução de custos operacionais até o impacto em KPIs estratégicos como tempo de desenvolvimento, satisfação dos colaboradores e índice de retenção. Empresas que conseguem estruturar esses indicadores percebem rapidamente que o investimento em comunidades é uma alavanca poderosa de geração de valor tangível para o negócio.

*Jen Medeiros é CEO da comuh, empresa especializada na gestão de comunidades e ecossistemas de negócios. Palestrante e especialista na criação e gestão estratégica de comunidades com 15 anos de experiência. Criadora e host do Community Playbook, um Podcast de aplicações reais, atuais e futuras de estratégia de comunidades. É professora da Descola e da Escola Britânica de Artes Criativas e Diretora do CMX Connect São Paulo, uma instituição internacional que promove o desenvolvimento da indústria de comunidades. Top 3 do prêmio Community Industry Awards 2024 como melhor profissional de comunidades B2B, e fellow no programa On Deck Community Builders.

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