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Falando de Gestão

Competência Interpessoal Como Fator de Sobrevivência e Diferenciação no Mercado

Que Tipo de Valores Pessoais Podem Mudar o Que Pensamos dos Outros? Por Que Devemos Observar a Postura Corporal do Nosso Oponente?

Por Julio Cesar S. Santos – Consultor e Jornalista

A qualidade das nossas relações com as pessoas depende em grande medida da nossa capacidade de perceber adequadamente o comportamento e a experiência do outro. Nossas características pessoais podem facilitar ou dificultar o processo perceptivo. A pessoa que, continuamente, busca uma maior consciência sobre si, sobre o outro e sobre o mundo, tem maior probabilidade de perceber as situações e de se relacionar, diferentemente daquela que se comporta de maneira mais rígida e preconceituosa. A maneira como vemos a vida, as pessoas e o mundo dependem dos nossos valores, pois eles são componentes dos nossos modelos mentais. Então, se tivermos modelos de boa qualidade, teremos uma melhor representação da realidade; mas, se estes são de má qualidade, teremos uma visão mutilada e deturpada do mundo. Como temos nossos valores e esses são o ponto de partida para uma relação saudável ou não, as organizações constroem-se sobre seus valores. Dessa forma, precisamos constantemente nos “repensar” para podermos construir a nós mesmos sempre de forma melhor. Mas não adianta somente nos construirmos de forma melhor; precisamos também repassar uma imagem congruente e condizente para os demais. Todos nós temos impressões das pessoas depois de segundos que as conhecemos, e essas impressões são as mais marcantes, mas tendem a enganar-nos. Vejamos a seguir algumas recomendações de especialistas em networking para criar impressões adequadas:

  • Cuide de sua Imagem: construa uma imagem positiva.  Isso fará com que as pessoas se lembrem de você com consideração;
  • Fique Focado Nos Outros: fixe seu foco nas necessidades, vontades e problemas dos outros. Lembre-se de que isso é uma troca, você procura uma ação positiva da parte com a qual está se relacionando;
  • Pergunte, Explore, Ouça e Entenda: quando você ouve procurando entender, você ouve buscando mais informações. Você tenta ter certeza de que percebe o que é importante na informação transmitida.  Uma boa estratégia é repetir o que foi dito com outras palavras para estar certo de que entendeu a mensagem corretamente e mostrar que está prestando atenção;
  • Aprenda a Priorizar: ouça outras pessoas para indicar necessidades e interesses;
  • Ajude Seus Contatos a Lembrar dos Benefícios Que Podem Receber Usando Seu Produto ou Serviço: mostre seu entusiasmo com esses benefícios para que seus contatos possam adota seu entusiasmo e passá-lo para negócios;
  • Intercale Perguntas Abertas e Fechadas: perguntas fechadas são as que admitem uma resposta única e rápida, como, por exemplo: “Você recebeu a proposta que te enviei? ”. Já as perguntas abertas deixam espaço para uma explanação maior, assim: “Como foi a reunião de ontem à tarde? ”;
  • Observe Cuidadosamente a Linguagem do Corpo: você pode utilizar-se da linguagem do corpo para construir um bom acordo. Incline-se   para o seu interlocutor, acene com a cabeça e sorria;
  • Fique Atento: o que importa não é o que você diz e sim o que você faz. Relacionamentos levam tempo, mas durante o processo de desenvolvimento de uma estrutura de troca de referências você irá aprender quem está realmente colaborando e quem não está;
  • Apresente-se Como a Solução Para os Problemas de Seus Contatos: as pessoas estão constantemente procurando soluções e melhoras.  Nos negócios, você pode oferecer muito mais se surgir como a solução para os problemas atuais; seja reconhecido: quando você apreciar algo em alguém, seja específico. Se alguém comprou roupas novas e você notou nelas um detalhe especial, comente sobre isso. Essa atitude fará com que essa pessoa se sinta melhor. E quando as pessoas se sentem bem consigo mesmas, elas ficam mais abertas para ouvir o que você tem a dizer;
  • Seja um Bom Ouvinte e Um Bom Encorajador: o melhor presente que você pode dar a alguém é emprestar a ele seu ouvido.

O homem é um ser social e, para nos conhecermos, desenvolver nossos valores pessoais e alcançarmos uma série de objetivos ao longo de nossa vida, precisamos conviver e trabalhar com outras pessoas. Todos nós somos diferentes do ponto de vista físico e psíquico. Essas características individuais modificam-se quando em contato com outros indivíduos, pois somos influenciados pelos outros e pelo próprio meio que nos cerca. Ao mesmo tempo, nós influenciamos os outros e o meio em que estamos inseridos. O estudo dessas interações, do comportamento individual e do comportamento nos grupos, bem como sua interdependência e relação, é objeto das relações humanas. O estudo das relações humanas é vasto, como é vasto e complexo o estudo do destino e da natureza humana.  Ele deve levar em conta os diferentes papéis desempenhados nos vários grupos a que pertencemos, ao longo de nossas vidas, bem como as formas pelas quais interpretamos nossas posições e obrigações dentro do contexto social. Grande parte do comportamento humano ainda está além de nossa compreensão, apesar de todos os avanços dados pelas ciências sociais e humanas.

Para compreendermos o processo grupal, precisamos conhecer um pouco do comportamento humano, da comunicação e postura dos indivíduos e suas influências nas relações. Vejamos uma reflexão: Durante uma era glacial, muito remota, quando parte do globo terrestre esteve coberto por densas camadas de gelo, muito dos animais existentes não resistiram ao frio intenso e morreram indefesos por não se adaptarem às condições do clima hostil. Foi então que uma grande manada de porcos-espinhos, numa tentativa de se proteger e sobreviver, começaram a se unir, a juntar-se mais e mais. Assim, cada um podia sentir o calor do corpo do outro. E todos juntos, bem unidos, aqueciam-se mutuamente naquele inverno tenebroso. Porém, os espinhos de cada um começaram a ferir os companheiros mais próximos, justamente aqueles que forneciam mais calor, aquele calor vital, questão de vida ou morte. E afastaram-se feridos, magoados, sofridos. Dispersaram-se, por não suportarem por mais tempo os espinhos de seus semelhantes. Doíam muito…, mas essa não foi a melhor solução. Afastados, separados, logo começaram a morrer congelados. Os que não morreram voltaram a se aproximar, pouco a pouco, com jeito, com precauções, de tal forma que, unidos, cada qual conservava uma certa distância do outro, mínima, mas o suficiente para conviver.  Sem magoar, sem causar danos recíprocos. Assim, suportaram-se, resistindo à longa era glacial.

Assim somos nós seres humanos, muitas vezes os “espinhos” dificultam a convivência, por isso é fundamental sempre procurarmos conviver   melhor, aprimorando-nos como seres humanos e aprimorando nossa capacidade relacional, competência fundamental hoje para medição da inteligência individual e grupal. A seguir, algumas “dicas” de relacionamento, que podem ser aproveitadas também para nossa vida pessoal, além da profissional. O êxito de um relacionamento depende, na sua maioria, de não vermos nas peculiaridades do companheiro uma área de atrito, mas antes, uma oportunidade de complementar a nossa personalidade. As diferenças   nos fazem crescer, amadurecer, enriquecem-nos, essa é a crença que precisamos incorporar nas nossas vidas para conviver melhor.  Imagine se todos fossem iguais, seria, no mínimo, um tédio.  Apenas precisamos nos desarmar e acreditar que o outro, quando não concorda com a nossa opinião, não quer dizer que não nos respeite, ou que queira animosidade.” A arte de viver não consiste em ser capaz de remover as dificuldades, mas em saber crescer com elas” (Bernard Baruch).

Para convivermos bem precisamos viver bem e para isso é necessário adotar a crença de que crescemos com obstáculos e crises. Que estas nos trazem a oportunidade de desenvolvermos nossas estratégias, de desenvolvermos ângulos de visão bem diferentes. Nem sempre podemos e/ou devemos julgar os outros com base em nossas características individuais, na suposição de que reagiriam da mesma forma que nós.  Devemos exercitar a empatia, que é a capacidade de colocar-se no lugar da outra pessoa e procurar sentir o que ela está sentindo, do ponto de vista dela e não nosso.  Ao lidar com os outros, não devemos fazer nada que nos aborreceria se fosse feito pelos outros para nós. O auto respeito é a primeira condição para sermos admirados e aceitos pelos outros.  Quem não respeita seus limites, suas limitações, ou que não se valoriza, não pode exercer o respeito ao outro de forma integral.

Devemos sempre assumir a responsabilidade pelo que fazemos ou falamos, quando erramos e quando dizemos a verdade. Os maiores problemas de relacionamento estão centrados devido à fofoca e à atitude de não assumir nossas falhas e querer buscar outros culpados. O respeito dispensado às pessoas que pensam de outra forma é uma das melhores provas de tolerância. Na natureza, encontramos o dia e à noite, o inverno e o verão, momentos diferentes de expansão e recolhimento. Assim somos nós, seres humanos, um dia mais alegres, outro mais quietos. Respeite tais momentos em si e nos outros. Seja leal, não fale na ausência dos outros.  Refira-se sempre a quem está presente. Respeite o espaço dos outros, para que o seu também seja respeitado. Meu limite vai até onde começa o do meu semelhante. Não precisamos gostar de todos os nossos colegas de trabalho, mas devemos lembrar que, apesar das diferenças, todos possuem um único objetivo: o crescimento da organização onde estamos inseridos. O importante é o respeito pelo meu colega, é ajudá-lo quando ele precisa, independente se gosto ou não dele. Quem não espera demais dos outros facilita bastante a vida e a convivência, bem como não sofre tantas decepções. A expectativa traz consigo a ansiedade, que é prejudicial à saúde de forma geral. Então, manter a cabeça levantada numa situação depressiva é o primeiro passo para termos uma atitude interior positiva. Isto nos ajudará a vencer e superar os problemas. Sorrir, caminhar, liberar endorfina é fundamental para podermos cultivar uma vida mais leve e saudável. Evite a busca de culpados, procure soluções.  Essa ação leva-nos ao autodesenvolvimento. Aceite críticas.  Pare, pense, analise e depois aja.  A defesa imediata causa uma barreira que pode tornar-se intransponível. Encare todos os momentos da vida como oportunidades de crescimento e desenvolvimento, mesmo os mais difíceis. Não desconte no outro seu mau humor. Separe o pessoal do profissional; assim, nos dois, você viverá melhor.  Leve a vida de forma mais leve, ria mais, libere mais química boa no organismo. Viva o presente.  O passado é uma excelente aprendizagem para não cometermos os mesmos erros, porém já passou. O futuro deve ser planejado para alcançarmos nossas metas, porém, ainda não chegou.

É no presente que devemos investir nossa energia. Conduza você mesmo sua vida. Críticas, conselhos devem ser levados em consideração, mas não podem nos conduzir. Nós temos um potencial inesgotável, confie e use-o. O medo é inerente ao ser humano, porém não podemos deixar que ele tome conta de nós. Olhe-se no espelho, veja como você tem valor, observe qualidades e defeitos, aprenda a conviver com eles e a transformá-los cada vez mais em ferramentas para seu bem-estar. Os outros não possuem bola de cristal para adivinhar o que você quer ou gosta: por isso fale. Fazemos parte de um grupo nos setores em que trabalhamos que, por sua vez, está inserido em outro grupo maior – divisão, área e/ou departamento. Portanto, para dar sentido às nossas vidas, precisamos experimentar o relacionamento de grupo e seus valores, bem como compreender o papel que desempenhamos nos diferentes grupos aos quais nos inserimos.

REFERÊNCIAS

BELLINO, R. O Poder das Ideias. Rio de Janeiro: Campus,2007.

CARTER, P.; RUSSEL, K.  Como aperfeiçoar o Equilíbrio Cerebral.  Rio de Janeiro:  Editora Estampa, 1991.

CHIAVENATO, I.  Trabalhar em grupo ou trabalhar em equipe.  Qual a diferença? Disponível em: <http//www.portaladm.adm.br> 08/12/2011.

DAWSON, R. Decisões certas e seguras sempre. Rio de Janeiro: Campus, 1996.

DICAS DE RELACIONAMENTO CITADAS NO SITE DA UNIVERSIA. Disponível em:<www.universia.com.br> 08/12/2011. GIOVAGNOLI, M. In: MIRANDA, M. E-book.

GRAMIGNA, M. R. Modelo de competências e Gestão dos Talentos. São Paulo: Makron Books, 2002.

MAXWELL, J. C.; PARROT, L. 25 maneiras de valorizar as pessoas. São Paulo: Sextante, 2005.

MORAES, G.  L.  de.  As sete fases da venda.  São Paulo:  Cobrae Marketing, 2004. 

MOSCOVICI, F. Renascença Organizacional. Rio de Janeiro: José Olympio Editora, 1996.

NIVEN, D. Os 100 Segredos das Pessoas Felizes. São Paulo: Sextante, 2001.

PERSONA, M. H. Disponível em: <http//www.mariopersona.com.br> Acesso em: 08/12/2011.

PIÑEIRO, I. R. Metamorfose do Líder: uma jornada para o autocoaching. Florianópolis: Pandion,

SHINYASHIKI, R. Tudo ou Nada. São Paulo: Editora Gente, 2006.

Fonte: https://profigestaoblog.wordpress.com/2025/09/29/competencia-interpessoal-como-fator-de-sobrevivencia-e-diferenciacao-no-mercado/

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