Quase dois terços dos gastos assistenciais são consumidos por apenas 5% dos beneficiários, alerta IESS

Mais da metade (66,5%) dos gastos assistenciais da operadora analisada são consumidos no atendimento de apenas 5% dos beneficiários. Os números, alarmantes, fazem parte de um estudo especial “Caracterização dos beneficiários de alto custo assistencial – um estudo de caso”, desenvolvido pelo Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS) com base nos gastos de uma operadora de autogestão com 76,1 mil beneficiários em 2015. Entre os principais fatores para os altos gastos da parcela que mais consome estão o envelhecimento, a prevalência de doenças crônicas e a frequência de internação de pacientes com multimorbidade. “Apesar de os números não corresponderem à totalidade do mercado, indicam tendência que, se ignoradas, podem comprometer a sustentabilidade do setor”, analisa o superintendente executivo do IESS, Luiz Augusto Carneiro.

A análise aponta que o grupo de beneficiários de alto custo, responsável pela maior parcela dos gastos assistenciais da operadora, é composto majoritariamente por pessoas de idade avançada, que apresentam necessidades específicas, perda da capacidade funcional e aumento da incidência de doenças crônicas – muitas vezes mais de uma ao mesmo tempo –, o que tende a elevar a necessidade de cuidados médicos e tratamentos simultâneos.

De acordo com o estudo, 92% dos gastos da operadora com o grupo dos 5% de beneficiários que mais geram despesas assistenciais estão relacionados às internações. O valor médio da internação por beneficiário nesse grupo é de R$ 85.948,60, enquanto o gasto médio da internação por beneficiário dos outros 95% é de R$ 713,60. Carneiro explica que essa diferença acontece porque além de serem mais longas e frequentes, as internações dos beneficiários no grupo que mais geram despesas assistências contemplam procedimentos mais complexos e que exigem mais tempo de recuperação. “O tempo médio de internação por beneficiário do grupo que mais gera despesas passa de 21 dias por ano, já entre os outros 95%, a média foi de 0,3 dia”, aponta.

O superintendente executivo do IESS reforça que apesar do universo estudado não representar a totalidade do mercado de saúde suplementar no País, é um esforço para entender melhor o que caracteriza os beneficiários de alto custo e contém informações valiosas para o desenvolvimento de melhores formas de atender esta população e aperfeiçoar a utilização dos recursos. “Acreditamos que este estudo pode ser um valioso instrumento para a melhoria da qualidade assistencial ofertada a todos os beneficiários, principalmente na busca pela sustentabilidade econômico-financeira do setor”, conclui.

Sobre o IESS

O Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS) é uma entidade sem fins lucrativos com o objetivo de promover e realizar estudos sobre saúde suplementar baseados em aspectos conceituais e técnicos que colaboram para a implementação de políticas e para a introdução de melhores práticas. O Instituto busca preparar o Brasil para enfrentar os desafios do financiamento à saúde, como também para aproveitar as imensas oportunidades e avanços no setor em benefício de todos que colaboram com a promoção da saúde e de todos os cidadãos. O IESS é uma referência nacional em estudos de saúde suplementar pela excelência técnica e independência, pela produção de estatísticas, propostas de políticas e a promoção de debates que levem à sustentabilidade da saúde suplementar.

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